domingo, 23 de agosto de 2009

O BOI NA SOMBRA PISA NA RAIZ

E então ? Muita chuva por aí ? Ou está seco ? Ou nada que planta nasce ? – A resposta pode ser o seu o seu Boi. – Isso mesmo, ao colocá-lo na sombra, você esqueceu que ele poderia pisar na raiz, e matar a árvore.

Foi o que aconteceu ! Todos queriam dar conforto ao Boi. Seja por piedade ao animal, ou para que ele não desidratasse, perdendo peso e dinheiro. Seja qual for o motivo, o solo ficou contaminado, compactado e sem sombra. Um desastre ambiental, sem precedentes.

Você não tem Boi ? – Eu sabia que a resposta seria essa. Mas, não é preciso ter. Se você come carne, você tem Boi; se você come vegetais orgânicos, tem boi. Pois geralmente essas culturas estão associadas. Justamente o adubo para deixar seu vegetal orgânico vistoso e saboroso, veio de um animal herbívoro, e geralmente ruminante.

Mas, agora, prepare-se para o pior: Ninguém consegue mais controlar o Boi. Ele vai para a sombra, pois já se acostumou. Sem ela, ele não se acalma mais. Não há mais paz na fazenda. O Boi não se contenta mais com o sol forte. Sabe que pode viver melhor.

Mas, então, se as árvores estão morrendo, o que será do Boi ? – Lamento em dizer que o Boi passará a viver em depressão. Tomará eco-remédios, viverá trancado em seus currais compartilhados e tudo isso para manter seu status.

Mas, e seus subprodutos ? E a qualidade do Couro, da gordura ? Como iremos conviver com essa questão ?

Um fato Bíblico chama atenção: “E disse-lhes: Qual será de vós o que, caindo-lhe num poço, em dia de sábado, o jumento ou o boi, o não tire logo (Lucas 14:5) ?”. Então, manter o Boi vivo é mais importante que a Religião. Está acima de qualquer lei. Pois, um fato não muda nunca: nossos conceitos estão sujeitos às nossas necessidades.

Então, antes de reclamar do clima, ou dos preços, lembre-se que você colocou o “Boi na Sombra”. Ou pelo menos foram seus pais que ensinaram o Boi a pisar na Raiz.

(por Neemias Cruz da Silva – abril/2004 - 11/100 – byncs@ig.com.br)
(origem da foto: copiada do google imagens em http://www.flickr.com/photos/angelobaeta/2385658703/)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A EFICIÊNCIA DISFARÇADA

Você já ouvi falar sobre eficiência e rendimento de sistemas ? já entendeu que todo sistema tem um rendimento e pode ser medido e comparado em uma linha de tempo ? Lembra de sua infância, quando corria pela praça sem fim, cercada por prédios gigantes e árvores sem fim, e quando retorna, descobre uma praça de alguns metros pequenas árvores e cores foscas ? - Isso se deve ao nosso tamanho e percepção do ambiente, na linha de tempo. Que também pode ser medido. Então, vamos nos aventurar por nossas percepções ambientais e entender melhor o que é Eficiência Disfarçada.

Você comprou um carro, e resolveu colocar GNV. Então, na primeira semana fica muito feliz com o resultado, e pensa sobre a eficiência da tecnologia envolvida. E agora transformou-se em “ambientalista provisório”, pois o GNV polui menos – Um cidadão Ecologicamente Correto, emitindo menos CO2. Então, resolve estudar um pouco mais, e resolve acessar o site da ANP (http://www.anp.gov.br/gas/legis_gas.asp). E faz grandes descobertas com tantas resoluções. Mas, num belo dia, resolve lavar o carro num posto GNV, e gastar lá 500 litros de água, para lavar apenas um carro. E enquanto lava, encontra um som de um grande motor em funcionamento, escondido dos olhares curiosos. E aproveita a falta de assunto, e pergunta: Que som é esse ? – O frentista responde sem muita surpresa que é um compressor. Compressor de quê ? – Do Gás, é claro; - Que Gás ? – Então, recebe a breve explicação: O gás chega apenas com 5 bar, e vai sofrer compressão para que chegue até 220 bar. Nessa compressão entram impurezas e é adicionado mais nitrogênio. Então, aquele CO2 que você economizou, o compressor libera junto do óxido do nitrogênio. Além do ruído, trepidação, etc. Então, parecia um bom negócio. Mas, com o valor reduzido, que tal andar bem mais ? – Com o uso freqüente do carro, utilizamos mais pneu, óleos e graxas, pó resultante das pastilhas de freio, lâmpadas, plásticos que quebram, velas, fios, tintas, mais emissão de CO2, quando comparado a menos uso do combustível original, problemas de trânsito, menor qualidade de vida, e muito mais. E como se chama isso ? - Eficiência Disfarçada. Parece uma vantagem, mas, faz parte de um ciclo que a cada dia inventa novos sistemas ineficientes, justamente por nosso desconhecimento ou falta de percepção.

Mas, a Eficiência Disfarçada não está apenas nos equipamentos. Também está nas pessoas. Com o tempo percebemos menos os fenômenos que nos cercam. E passamos a não definir e diferenciar fontes de luzes, som, e aromas. Isso acaba por alterando nosso comportamento, e começamos aceitar novos modelos de alimentos, equipamentos sonoros, etc. O problema está em que ao não perceber isso, impomos aos que convivem conosco padrões acima dos suportados. É muito comum chegar em casas que possuem aparelhos de TV altos e lâmpadas que iluminam além do necessário. Isso também ocorre em ambientes de trabalho e equipamentos públicos.

Então, como recuperar nossas percepções ? – Existem vários caminhos. Porém, o mais simples e de melhor resultado é a Interpretação Ambiental. Procure conhecer alguém que trabalhe com Interpretação Ambiental e vá um dia redescobrir a natureza. Quando voltar, observe que seu ambiente não está dimensionado corretamente. Existem coisas que não são necessárias; outras necessárias que você não tem. Então, passe a notar que outras pessoas convivem no mesmo ambiente, e precisam de equilíbrio para melhorar a qualidade de vida.

Depois, passe a observar que muitas coisas podem ser mais eficientes. Que não é preciso determinados recipientes para alimentos que compramos, com muitas cores e materiais que não são biodegradáveis. E que ao sair de casa, podemos levar um biscoito em um recipiente nosso, e não em plásticos, que deixaremos na rua, ou destino. Tudo muda quando pensamos na Eficiência aliada à Interpretação Ambiental.

(por Neemias Cruz da Silva – março/2009 – 7-100)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

O “OLHO GRANDE” DA ECOLOGIA E A “TESTEMUNHA AMBIENTAL”

Praticamente todas as grandes empresas lançaram seus projetos ecológicos. Seguem linhas diversas do ecologismo e atuam em comunidades próximas, educando e divulgando sua responsabilidade ambiental. São Bancos, empresas do Petróleo, Transportadoras, Escolas, Indústrias metalúrgicas, Agrícolas, Igrejas, etc. Então, está tudo bem. Já podemos acabar por aqui esse texto. – Engano seu !

Com a Eco-Corrida, as empresas dispararam uma competição ecológica. Porém, desenvolveram seus projetos seguindo suas filosofias de produção e agindo em compensação ambiental. Não modificaram seu projeto fabril e serviços, e não contrataram mão-de-obra especializada para uma visão holística de sua atuação no processo de formação social, e ecológica das comunidades do entorno.

Como se isso não bastasse, outras empresas se aproveitaram e lançaram produtos que alimentam as eco-psicoses. Então, são remédios que curam tudo, sem princípio ativo algum, e aliada a processos espirituais. E para piorar, outras atuam de forma mono-ecológica. Divulgam, por exemplo, que a cada grupo de produtos plantam uma determinada árvore; como se uma floresta pudesse ser feita com apenas uma espécie, aumentando os desertos verdes.

Mas, é só ! Não poderia piorar. – Engano seu ! Quem quer desenvolver projetos realmente ecológicos esbarram em burocracias e falta de apoio. Se tentar aproveitar a água da máquina de lavar para descarga vai precisar elevar e filtrar a mesma. Mas, o custo de uma bomba será muito maior que jogar a água fora e usar água limpa; Se captar a água da chuva, descobrirá que para apoiar um caixa d´água com pelo menos 5 mil litros, precisará de espaço e colunas que sua laje não suportará; Se tentar instalar um aquecedor solar caseiro, descobrirá que não irá conseguir controlar a temperatura da água e que algas irão se multiplicar pela temperatura excelente para essas algas e inclusive bactérias; Se tentar fazer um centro de compostagem não irá conseguir tratar os resíduos e não terá um solo ou minhocas, que não podem estar expostas à luz solar; também não poderá separa o lixo, pois o lixeiro vai jogar tudo no mesmo caminhão e amassar; e também não adianta deixar o carro e ir de bike, pois os outros carros não irão respeitar a distância prevista no código de trânsito, e você vai acabar pedalando na calçada, o que é proibido.

Pode piorar ainda ? Agora chega né ! - Engano seu ! Você leva suas idéias para sua empresa e sua comunidade, e quando descobrem que você domina uma tecnologia nova, você se tornou uma ameaça. Pois, vai assumir a liderança, em questão de tempo.

Então como atuar em Educação Ambiental ? Como projetar para um mundo melhor ? – A resposta é simples e estava lá o tempo todo. As mudanças começam em nossas casas. Se você não trabalhar sua própria vida, não poderá atuar na sociedade. Depois de modificar sua própria estrutura, poderá provar a todos que a vida pode ser bem mais simples e melhor. Fica fácil se tornar uma “Testemunha Ambiental”, e divulgar suas idéias.

(por Neemias cruz da Silva – março/2009 – 8/100)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A Crise Ambiental nas Instituições Religiosas

Quem freqüenta uma instituição religiosa já observou que o conteúdo ambiental lentamente aparece nos eventos externos, principalmente patrocinados pelos jovens. Geralmente são eventos ligados a linha socioambiental da Educação Ambiental e são em quase totalidade do tipo comportamental. Atuam em seu bioma, e agem em educação coletiva.

Isso tudo parece bem elaborado, e que estamos no caminho certo, pois, agem localmente e pensam globalmente. Então, fazem campanha para economizar luz, água e gás, limpeza urbana, etc. Contudo, existem conceitos que deveriam ser observados. Note o conceito de Educação Ambiental, definidos por lei: “Lei Nº 9.795, de 27 de abril 1999 - Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.”

Quando viajamos de Metrô-RJ, notamos a limpeza, e tudo muito bem conservado. Mas, quando fazemos a transferência para o trem, nota-se logo a diferença. Mas, se olharmos melhor uma grande parte dos passageiros que saem dos trens, entram no metrô, e imagine só: Mudam da água para o vinho. Passam a ter consciência do ambiente. E esse é o grande problema causado pelas ações comportamentais ativistas. As pessoas passam a ter consciência apenas de suas ações. Não há envolvimento coletivo. Não há construção de valores sociais. Então, mesmo agindo localmente, as pessoas atuam, sem saber que podem trabalhar a causa do problema e não na conseqüência.

Então, vamos lá, captar recursos e investir em treinamento ambiental e na melhora da qualidade de vida da coletividade. – Engano seu !

Existe uma Política Nacional de Educação Ambiental, que envolve órgãos como SISNAMA, CONAMA, CNEA, IBAMA e SNUC, que atuam diretamente na questão ambiental. E olha só o que diz o CNEA –Cadastro Nacional das Entidades Ambientalistas (RESOLUÇÃO Nº 292, DE 21 DE MARÇO DE 2002): “Não são passíveis de cadastramento como entidades ambientalistas, ainda que se dediquem de qualquer forma às causas ambientais: IV - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;”.

As instituições Religiosas se separaram tanto das questões ambientais e qualidade de vida, que agora não participam mais do processo de busca de um mundo ecológico. O Poder Público entendeu a incapacidade dessas Instituições em gerir projetos e atuar de forma significativa, onde se elas quiserem, precisaram captar seus próprios recursos.

Isso significa que algo não está bem nas políticas ambientais das Instituições Religiosas. Por que essas Instituições não estão emitindo parecer sobre essas resoluções e por que não estão participando da captação de recursos do poder público ? Elas não deveriam estar mobilizadas ? Não estão se comunicando ? Não se fazem representar ?

Mas, se olharmos com uma lupa bem simples veremos que as Instituições “queimam seus recursos, e emitem toneladas de CO2”, em projetos que depõem contra a própria instituição. Apóiam campanhas de aborto, distribuição de preservativos, questões sobre sexualidade, e muito mais. Perderam totalmente o foco. E para piorar, fazem um discurso citando ícones da sociedade, envolvidos em campanhas sobre bebidas e drogas, e tranqüilamente, lêem a Bíblia como isso fosse muito normal. Os ícones não são coloquiais, como muitos pensam. São frutos do marketing, e não devem ser vistos como parâmetros pelas Instituições Religiosas, nem tão pouco serem citados, em pleno discurso religioso. Eles trabalham para o capital e o consumo desenfreado.

Será que as instituições religiosas precisam ser novamente sacudidas e se reunirem nos túmulos, perseguidas pelo Império ? O que fizemos com a Liberdade Religiosa ?

(por Neemias Cruz da Silva – março-2009 6-100)